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a experiência humana só terá sentido se algo para lá do humano vier em nossa ajuda, em nosso socorro. o nosso drama é que a única coisa que desse género ou natureza parece poder vir é a morte, a nossa própria morte.

4 de janeiro de 2007

dá-me a tua mão

há um sentir-me triste. há um sentir-me de uma tristeza terrívelmente irrevogável. dá-me uma mão. é isso que eu gostaria de te dizer. anda pela noite, anda por esta noite enorme e dá-me uma mão. leva-me por onde eu possa ser alegre. fugir desta ideia de morte que me acompanha. hoje, estava no eléctrico 28, tu entraste, o teu casaco de cor verde foi um princípio activo para mim, eu disse-te,


dá-me a tua mão.

sim, talvez não o tenha dito, mas pensei.

eu estava a rebentar, não te disse porque era a primeira vez que te via, achei, não são estas as coisas que se dizem a um estranho, a uma estranha,

dá-me a tua mão,

mas se não fosse tão estranho dizê-lo, eu tê-lo-ía dito,

dá-me a tua mão,

assim,

mas não o disse,

e não foi por cobardia, foi por pudor,

por resguardo,

em vez disso disse,

senta-te,

tu ías sair ligo ali à frente,

disseste que não,

lembro-me que disseste que não, enquanto sorrias,

pensei até, eu não sei o que realmente te disse,

se te sentasses,

talvez afinal o que os meus lábios murmuraram,

se,

dá-me a tua mão,

aquilo que me rebentava com o palato interior.

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