há um sentir-me triste. há um sentir-me de uma tristeza terrívelmente irrevogável. dá-me uma mão. é isso que eu gostaria de te dizer. anda pela noite, anda por esta noite enorme e dá-me uma mão. leva-me por onde eu possa ser alegre. fugir desta ideia de morte que me acompanha. hoje, estava no eléctrico 28, tu entraste, o teu casaco de cor verde foi um princípio activo para mim, eu disse-te,
dá-me a tua mão.
sim, talvez não o tenha dito, mas pensei.
eu estava a rebentar, não te disse porque era a primeira vez que te via, achei, não são estas as coisas que se dizem a um estranho, a uma estranha,
dá-me a tua mão,
mas se não fosse tão estranho dizê-lo, eu tê-lo-ía dito,
dá-me a tua mão,
assim,
mas não o disse,
e não foi por cobardia, foi por pudor,
por resguardo,
em vez disso disse,
senta-te,
tu ías sair ligo ali à frente,
disseste que não,
lembro-me que disseste que não, enquanto sorrias,
pensei até, eu não sei o que realmente te disse,
se te sentasses,
talvez afinal o que os meus lábios murmuraram,
se,
dá-me a tua mão,
aquilo que me rebentava com o palato interior.
......
ResponderEliminargostei muito.