a noite entra por aqui a dentro,
o som dos violinos,
a voz tenora
sei da música o lugar
onde a linguagem se esquece de figurar.
as imagens rebentam com as outras imagens.
não é aqui que compreenderei o meu tempo,
aqui apenas o lugar onde o reinventarei.
renata tabaldi,
é o som que ela coloca na caixa de cds,
os meus ouvidos brutos, rudes e
ásperos,
dançam com estes minuetes vocais.
ela ainda não desistiu,
diz-me,
nunca desistirei, de cultivar os meus tímpanos
desacreditados da apoteose musical em que um mundo,
um qualquer.
se pode tornar.
dois mil e oito. um número apenas. estou numa terra estranha,
não estamos todos?,
volta e meia a política bate-me à porta,
não com a mesma subtileza de renata tabaldi,
gostava de participar,
de não ficar de fora,
já não pela razão antiga que
quando era criança me tornava triste
quando me sentia preterido,
aprendi a construir o meu mundo nos arrabaldes dos mundos
que me excluiam,
por uma razão muito menos inconformista,
mais egoísta.
é que não suporto mais a chata da minha razão,
os seus sermões,
lições e raspanetes, tratando-me sempre
como se eu fosse um menino de coro.
ouço as vozes uma a uma e de todas
elejo a noite de renata tabaldi
que cava fossos imensos com os
decassílabos que se escondem no silêncio.
26 de setembro de 2008
a noite entra por aqui a dentro
Publicada por JPN à(s) 3:41 da manhã
Etiquetas: auto-retratos
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