Demorei muito tempo a perceber a falta que me fizeram as conversas que não tivémos. Os dias que não passámos. Eu nunca te disse, eu nunca te disse nada. Nem tu sabias, não tinhas que saber. Mas de facto o que sou é mais aquilo que fui ou não fui contigo do que se tivéssemos sido dois gémeos siameses.
É por isso que tenho esta inclinação para me devorar num medo de não ser aceite. Eu sei, já sofri mais com isso do que sofro agora. Hoje é até um modo de me livrar de muito tédio, muito aborrecimento.
Mas quando hoje sofro, sofro mais profundamente. Fico a latejar, em ferida. Aquele aperto no peito que já não sentia desde que deixei de ter medo das trovoadas. Eu serei sempre o do meio. O mal amado. Aquele para quem quase nunca será suficiente o afecto. Nunca é demais mas é sempre de menos.
3 de fevereiro de 2006
O do meio
Publicada por JPN à(s) 5:05 da tarde
Etiquetas: auto-retratos
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