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a experiência humana só terá sentido se algo para lá do humano vier em nossa ajuda, em nosso socorro. o nosso drama é que a única coisa que desse género ou natureza parece poder vir é a morte, a nossa própria morte.

7 de julho de 2005

Breviário

1. Penso que pensar não é assim tão fértil. Deixar de pensar é. Abrir o corpo é. É fértil ainda sentir. A verdade é que eu estou sempre algures. Ainda não fixei residência. Falar com o peito parece mais arriscado mas se calhar, é uma questão de hábito. Eu costumo falar com o medo também.


2. Aprendi que não devo dizer o teu nome. A evidência dos nomes é sempre cedo ou tarde demais.

3. Ela olhou para o meu passado e afantasmou-se. Eu fiz o mesmo quando olhei tudo o que ela ainda iria viver sem mim.

4. Uma vez encontrei-a. No fundo da sala fiz ouvir o F.M.I. No escuro percebi que estava incomodada. Amava-me e por isso disfarçou. Mas leva tão pouco tempo a desamar alguém. Ou a deixar cair o disfarce.

5. Eu sou daqueles que penso as coisas para ser feliz. Ela era feliz quando não pensava nas coisas.

6. Ela olhou para o meu passado e afantasmou-se. Eu fiz o mesmo quando olhei tudo o que ela ainda iria viver sem mim e percebi que tinhamos apenas o presente para nos encontrarmos

7. Falo a sério: temos de fazer um pouco mais do que alguma coisa pelo mundo onde vivemos.

8. Bombas em Londres: Não segui atentamente o dia das notícias. Espero que tenham podido reflectir sobre algumas coisas simples como: embora seja cada vez mais dificil fazer atentados terroristas de grande destruição (veja-se N.Y., Indonésia, Madrid e agora Londres), à medida que o medo está instalado em nós, e graças a uma ampliação mediática excessivamente etnocêntrica, tornam-se cada vez mais eficazes os atentados terroristas com meios diminutos.

9. Bombas em Londres: As organizações terroristas têm, à escala planetária, menos sítios para se esconder. O medo das pessoas e o desejo imoderado dos média reinventarem a realidade, propaga a sensação de insegurança. As cidades estão em pânico. França, colocou-se em alerta máximo. Nada poderia favorecer tanto o terrorismo.

10. Bombas em Londres: Os media são um dispositivo que se tornou um poderoso veículo ideológico. Com um desejo imoderado em reinventarem a realidade. É precioso analisar o funcionamento deste dispositivo. A grande narrativa do terrorismo aí está e não é porque aí esteja, sempre esteve, é porque finalmente a máquina de a contar está afinada. Já quase se dispensam comentários, opiniões, contraditórios. Editam-se imagens. Sons. De tempos a tempos faz-se um mix com outras micro narrativas do terror. O terror em NY. O terror em Madrid. O terror em Londres.

11. Bombas em Londres: Elisa, denunciar a arrogância e a prepotência de Bush é pertinente. Há a tentação de o comparar a Bin Laden. Só que isso tem um grande perigo. Se Bush é um terrorista que merece tanto ser odiado como o Bin Laden, e se a ele não lhe devotam o mesmo ódio que Bin Laden capitaliza para si, então talvez Bin Laden merece ser menos perseguido, menos questionado, mais compreendido e entendido. Ora não.

7 comentários:

  1. JPN
    Acho que sabes perfeitamente que não era isso que eu eu queria dizer. Mesmo se leste os conmentários havidos na sequência desse meu post... acho que ambos são terroristas. Acho que ambos devem ser perseguidos, questionados... etc. O terror é o terror, seja instiucionalizado e 'legitimado' (??) ou não seja.

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  2. FMI do L.Cília?
    Só se pode gostar da mulher que ameaçava deixar de amar!
    ti-ra-ri-ra-ri-ra-ri-ra-ri-ra-ri!

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  3. Claro Elisa, claro que (penso que) sei aquilo que querias dizer. E aquilo que tu disseste também eu o poderia ter dito. Porque o penso. Talvez se tivesse sido eu a dizê-lo não tivesse descoberto o perigo que lá está, nesta ideia. Que vem a contramão daquilo que tu pensas, sei. E devemos vigiar as nossas ideias, as das pessoas que pensamos que pensam como nós. estava a partilhar contigo esse relatório de vigilia. Beijo

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  4. Jos, o FMI é do José Mário Branco. Mas estavsa afinado...

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  5. JPN
    Obrigada então, por vigiares as minhas ideias... isso não será perigoso?
    Um beijo

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  6. JOS
    o FMI do Luis Cília? Duhhh!

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  7. Não foi aqui que falei das minhas prateleiras da memória? Tinha razão. Claro, José Mário Branco. Algures numa dessas minhas prateleiras estavam guardados lado a lado, o Cília e o Branco. Caiu a prateleira. Não sei ainda o que se aproveita.

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